Mais profundo, credenciamento técnico da F.P.Judô prioriza eminentemente a base

Com o apoio da Prefeitura de São Bernardo do Campo, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou sábado (23) a primeira fase do Credenciamento Técnico de 2019, voltado à atualização e à oficialização dos técnicos que atuarão no shiai-jo, neste ano.

Após esse evento, a coordenação de arbitragem da FPJudô realizou seminário para 180 árbitros da capital e das delegacias mais próximas da cidade de São Paulo. Ambos os eventos foram realizados no Teatro Cenforpe Ruth Cardoso, no bairro Planalto.

As palestras foram proferidas pelos professores Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô, que falou sobre as alterações, novas normas e propostas para 2019; o professor kodansha Floriano de Almeida, o experiente técnico que por três décadas atuou no Projeto Futuro e Minas Tênis Clube, apresentou a palestra Categorias de Base, os Novos Desafios; o medalhista olímpico Tiago Camilo demonstrou a plataforma sueca Athlete Analyzer para o gerenciamento de treinamento de atletas e análise de lutas; o professor José Alfredo Olívio Júnior discorreu sobre Pedagogia Complexa do Judô; o professor kodansha Edison Minakawa, coordenador nacional de arbitragem, falou sobre as mudanças nas regras promovidas pela FIJ para esta temporada.

Autoridades esportivas participaram da cerimônia de abertura, entre as quais Alessandro Puglia, presidente da FPJudô; Francisco de Carvalho, presidente de honra da FPJudô; José Jantália, vice-presidente da FPJudô; os medalhistas olímpicos Rogério Sampaio, diretor geral do Comitê Olímpico do Brasil (COB); Carlos Honorato, técnico do Clube Paineiras do Morumby; Tiago Camilo, presidente da Comissão de Atletas do COB; Júlio Sakae Yokoyama, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva; Alexandre Drigo, membro do Conselho Federal de Educação Física e representante do Cref-SP no evento; Edison Minakawa, gestor nacional de arbitragem da CBJ; Roberto Joji Shiba Kimura, coordenador técnico da FPJudô; Yutaka Tsunoda, gerente de planejamento estratégico da Ajinomoto do Brasil; Adib Bittar Júnior, coordenador financeiro da FPJudô; Michiharu Sogabe, professor kodansha kyuu-dan; e os palestrantes Floriano de Almeida e José Alfredo Olívio Júnior.

Também ocuparam lugar na mesa de honra os delegados regionais Cléber do Carmo, Wilmar Terumiti Shiraga, Akira Hanawa, Argeu Maurício de Oliveira, Takeshi Yokoti, Hissato Yamamoto, Leandro Tomé Correa e José Gildemar de Carvalho.

São Bernardo do Campo amplia a presença no calendário da FPJudô

Em seu pronunciamento, o presidente da FPJudô enalteceu a dedicação e o esforço de cada professor que trabalha pela difusão e na propagação da modalidade nos 412 municípios do Estado de São Paulo.

“Ver o número de professores aqui presentes me deixa muito feliz, mas sabemos da responsabilidade que recai sobre cada coordenador de área de nossa entidade, da mesma forma que conhecemos o comprometimento de cada membro de nossa equipe com os objetivos do judô paulista. Agradeço mais uma vez a todos os professores porque a entidade é o resultado do esforço de todos nós juntos. Ninguém é mais ou menos importante. Cada um de nós exerce papel preponderante e função específica nesse processo de propagar e desenvolver a modalidade em nosso Estado”, disse Alessandro Puglia, que ainda agradeceu o apoio recebido do governo de São Bernardo.

“Não poderia deixar de enfatizar o importante apoio que recebemos em São Bernardo do Campo. A FPJudô sempre foi muito bem recebida nesta cidade, mas o governo atual tem desenvolvido esforços para nos oferecer cada vez maior apoio e espaço. As principais competições de São Paulo são realizadas no ginásio municipal de esportes Adib Moysés Dib, uma das maiores e melhores praças esportivas do Brasil, e graças ao grande apoio do prefeito Orlando Morando e do vereador Alex Mognon este ano pudemos inovar e realizar este evento neste espaço maravilhoso.Faço questão de destacar este importante gesto do governo desta cidade”, concluiu o presidente da FPJudô.

Francisco de Carvalho lembrou os professores que criaram o Credenciamento Técnico, evento que acima de tudo visa à transmissão de conhecimento.

“No passado iniciamos este encontro de forma tímida, mas aos poucos aquele evento que aglutinava poucas centenas de professores foi tomando corpo e hoje vemos esta quantidade gigantesca reunida aqui. Este projeto foi pensado e elaborado pelos professores Mateus Sugizaki e Anderson Dias, que naquela época tiveram de brigar muito para nos fazer entender a importância dele. Hoje, sabendo que mais de 1.500 técnicos serão credenciados, entendo e afirmo que, além de visionários, eles sabiam o que buscavam e tinham razão. Na pior das hipóteses, este é um momento em que nos reencontramos, mas é claro que todos vieram em busca de subsídios técnicos para seguir desenvolvendo sua atividade, seja ela social ou esportiva, e sugiro que façam valer o esforço de estar aqui hoje, buscando fazer no dia a dia o trabalho de formiguinha. Levem a informação que obtiverem aqui para os dojôs e multipliquem o número de professores e faixas pretas com este conhecimento”, disse o dirigente.

Aproveitando a quantidade expressiva de professores, Francisco de Carvalho Filho fez um desabafo a respeito da falta de sintonia com a comissão de graduação da CBJ.

“Quero também aproveitar que temos esta quantidade gigantesca de professores para reafirmar que são vocês que fazem a federação. É justamente esta soma de todos vocês que torna o judô de São Paulo o que ele realmente é. Mas muitas vezes não somos reconhecidos à altura, e o professor Floriano que está aqui conosco é prova do que digo. Quando lhe foi oferecido espaço na seleção brasileira? Temos de estar cada vez mais unidos, pois juntos somos mais fortes. Digo isso porque recentemente tivemos um evento muito grande, a cerimônia de outorga de dans, que aliás estava super defasada por conta de não termos respostas da CBJ. Aproveito esta oportunidade para afirmar que para nós, da direção da FPJudô, o professor Hatiro Ogawa é sim 9º dan. Embora a confederação não tenha aprovado nosso pedido, por um pingo no i, ou quem sabe uma vírgula, para todos nós você é 8º dan sim, Hatiro. Temos enorme carinho e respeito por você e por sua trajetória, e não vamos parar até reparar este erro”, disse o professor Chico, que ainda apontou outro equívoco da comissão nacional.

“Da mesma forma, a graduação do professor Celestino Seiti Shira também foi rejeitada por uma vírgula, e lamento isto profundamente porque quando eu ainda era primeiro kyo o Shira já era ni-dan. Além de ter sido um excelente aluno do sensei Ryuzo Ogawa, ele era seu tradutor oficial nas cerimônias e compromissos. Penso que todos aqui saibam quem foi Ryuzo Ogawa e qual é a importância de sua obra, mas lembro que o avô do sensei Hatiro veio do Japão já adulto, não falava português e mesmo com esta dificuldade fundou a Associação de Judô Budokan, a maior escola de judô de todos os tempos em nosso País, com 117 filiais instaladas em 11 Estados. Há quantos anoso Shira está nesta caminhada? Ele está prestes a completar 80 anos, e me nego a usar o 8º grau que recebi recentemente da CBJ enquanto meu sempai não receber o kyuu-dan (9º dan). Não é justo, pois kodansha deve ser a coroação do mérito e não uma imposição ou necessidade, e vamos em busca de reparar este erro”, afirmou o dirigente.

Números não param de crescer

Segundo os organizadores, os dois eventos reuniram 1.220 técnicos e 180 árbitros, mas ainda são esperados 300 técnicos e 150 árbitros na segunda etapa do credenciamento, que se realizará em Bauru nos próximos dias.

No período da tarde houve o seminário de arbitragem ministrado pelo professor Edison Minakawa e o encontro dos coordenadores dos oficiais técnicos da FPJudô, que foi comandado pelo professor Marco Aurélio Uchida, coordenador de oficiais de mesa.

O professor Júlio César Jacopi, supervisor de eventos da FPJudô, lembrou que os eventos das áreas técnica e arbitragem registram sempre enorme demanda.

“Felizmente vivemos um novo momento no País, mas na prática as coisas ainda estão melhorando muito lentamente. Contudo, iniciamos a temporada com uma melhora significativa no número de judocas inscritos nos poucos compromissos realizamos até aqui. Mas até 2021 projetamos receber 2 mil técnicos e árbitros nestes dois eventos”, disse Jacopi.

Palestras focaram os mesmos objetivos

Por meio de diferentes caminhos os três palestrantes da área técnica mostraram a necessidade de desenvolver um trabalho mais abrangente e profundo na base. Floriano de Almeida começou mostrando um projeto que está sendo desenvolvido com a FPJudô com a importante participação de todos os técnicos que estiveram presentes no encontro.

“Vamos entregar um questionário a cada técnico que aqui está e faremos este estudo visando à ampliação da base técnica do judô paulista. Esta pesquisa justifica-se pela possibilidade de colaboração direta da FPJudô na melhoria do processo de ensino adotado pelos treinadores. Além do potencial para estreitar a relação entre atletas e treinadores, vemos a grande possibilidade de desenvolver uma padronização da forma de ensino e treinamento. Após analisarmos o questionário entregue a todos, vamos traçar um plano de ação que, basicamente, poderá começar com visitas de treinadores escolhidos pelo departamento técnico da FPJudô a academias e clubes nas delegacias regionais”, explicou Floriano, que detalhou o próximo passo.

“Uma segunda proposta é criar um processo de qualificação de treinadores. Ainda está em discussão como isso será feito. Mas seria um trabalho constituído de módulos com aulas teóricas e práticas, ministrados por profissionais de diferentes áreas de conhecimento”, explicou o treinador, que é formado em educação física pela USP e esteve 13 anos à frente do Projeto Futuro. Além disso, atuou 19 anos como treinador do Minas Tênis Clube, foi técnico da seleção olímpica feminina em Atenas, auxiliar técnico na olimpíada de Atlanta e técnico da federação paulista em diversos campeonatos brasileiros.

O segundo palestrante foi o experiente medalhista olímpico Tiago Camilo, que mais uma vez compareceu ao evento.

“Vim ao credenciamento técnico para apresentar a plataforma sueca Athlete Analyzer, que estamos trazendo para o Brasil, e o Alessandro Puglia pediu que eu falasse também sobre a importância do desenvolvimento do trabalho na base e como devemos lidar hoje com os adolescentes.É preciso deixar clara a questão da paciência e fazê-los entender que devem desenvolver-se tecnicamente, pois quase todos são imediatistas. Fazer com que eles percebam a necessidade de investir tempo no preparo, e não no objetivo final, que é o resultado. A minha mensagem foi mostrar a importância do preparo, da evolução e da humildade para aprender, mostrando que quanto maior for a sua base, maior será a sua edificação nos tatamis. Quanto mais fundamentos técnicos eles acumularem quando jovens, maiores serão as possibilidades de triunfo. Esta base, na verdade, é muito mais importante que os resultados. Lamentavelmente a geração atual é imediatista, pois o mundo é assim hoje. As pessoas conseguem tudo por meio de um clique, mas no esporte de rendimento as coisas não funcionam assim. É preciso investimento em tempo. O judô não é um esporte de moda. É uma modalidade centenária que exige comprometimento não apenas físico, mas espiritual também. E é justamente isso que coloca o judô em outro patamar, pedagogicamente falando”, disse o medalhista olímpico. A seguir ele explicou o que é o Athlete Analyzer.

“Estamos iniciando a operação no Brasil de uma plataforma sueca para o gerenciamento de treinamento de atletas e análise de lutas. O mundo mudou, o esporte mudou, e precisamos utilizar todos os recursos possíveis para nos mantermos entre as principais forças olímpicas. Penso que esta plataforma é de grande utilidade para o judô kihon, que está sendo muito usada na Europa e poderá colocar-nos numa posição de igualdade no desenvolvimento do treinamento e acompanhando a evolução do mundo. Temos de fazer um trabalho fundamentado em resultados precisos, e não em achismos, que já mostrou grande resultado no judô europeu. Esta ferramenta traz um novo conceito de treinamento e outra qualidade no conceito de gerenciamento do treino dos atletas. Nós, brasileiros, somos meio resistentes a grandes mudanças, mas tenho certeza de que esta plataforma pode contribuir muito para o benefício do judô no futuro”, detalhou Tiago Camilo

O terceiro palestrante foi José Alfredo Olívio Júnior, que apresentou um trabalho bastante profundo sobre a pedagogia no judô.

“A ideia da FPJudôera promover um debate, uma provocação em relação às práticas dos treinadores. Nesta linha, pediram que eu apresentasse a abordagem dos meus livros, Pedagogia complexa do judô 1 e 2. Sendo assim,tentei sintetizar a ideia central deles, que é o cruzamento do método situacional de ensino-aprendizagem-treinamento, tendo a tática como eixo central, com a espiral progressiva de conteúdos, tudo isso balizado pelas unidades funcionais da luta. A compreensão das unidades permite ao treinador sistematizar, orientar e controlar seu processo de treinamento, pois possibilita uma interpretação fragmentada da luta no que está dando certo e no que está dando errado. Logo, apresentamos uma ferramenta pedagógica para contribuir com a prática dentro dos treinamentos”, explicou.

José Alfredo Olívio Júnior é doutorando em motricidade humana pela Unesp e faixa preta ni-dan. Além de autor de livros, atua como técnico da Associação de Judô Mercadante, auxiliar técnico da base da CBJ e técnico da CBDU na Universíade Taipei.Ele destacou a importância do credenciamento no processo de desenvolvimento dos técnicos e professores de judô.

“Acredito que eventos como este podem contribuir na capacitação e formação continuada de treinadores em dois aspectos.O primeiro é o networking, pois,alémdos artigos que estudam a educação continuada de treinadores, os encontros e as discussões se apresentam como as fontes mais eficientes de aprendizagem, permitindo o compartilhamento de situações de dificuldade e sucesso com seus pares e possibilitando o business entre eles. O segundo aspecto é que as palestras tendem a chamar atenção para fatos novos, ou novos olhares para situações da prática do treinador, e oferecer ferramentas que ele possa agregar à sua expertise. Permitem também que o treinador identifique novas fontes de conhecimento e ferramentas para o trabalho”, disse o judoca, que nasceu em 29 de outubro de 1983 em Araras (SP) e desenvolve trabalho na base desde 2014.

Clique aqui e confira a documentação fotográfica completa.

Por: Paulo Pinto

 

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